:: Acariciando rosas no jardim materno do Deus Pai ::

“Registra, tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em teu odre; acaso não estão anotadas em teu livro?”
Salmos 56:8


“Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão.”
Salmos 126:5

"Será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de você!”
Isaías 49:15

“De fato, acalmei e tranqüilizei a minha alma. Sou como uma criança recém-amamentada por sua mãe; a minha alma é como essa criança. Ponha a sua esperança no Senhor, ó Israel, desde agora e para sempre!”
Salmos 131:2-3
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Hoje eu acordei com uma sensação de perda que há muitos anos não sentia. Coração apertado, disparado, emoção à flor da pele. Perder o que se ama é sempre doloroso. É afiar uma navalha na alma. Mas entregar voluntariamente algo que se ama dói ainda mais. Já tinha me esquecido como é ter um milhão de pensamentos simultâneos rondando minha mente, despertar de madrugada no meio de um sonho ruim, perder o sono ainda cansado, orar, ser acalentado nos braços de Deus e, enfim, voltar a dormir tranquilo, como uma criança indefesa que é amorosamente embalada no colo e no calor de sua mãe.

Mães nunca dormem. Estão sempre atentas ao mínimo sinal de fragilidade do seu bebê, seja ele ainda uma criança ou já adulto... Porque uma verdadeira mãe, não importa a fase de vida em que esteja, sempre vê e sempre verá seu filho como um simples bebê, que carece de todo cuidado e atenção.

Estamos acostumados – e de fato assim o é, como Jesus nos ensinou – a chamar Deus de Pai. Mas esse fato não nos deveria fazer esquecer de que o "Pai nosso que está nos céus" é também o nosso Abba, paizinho amado, que cuida de nós como uma mãe que jamais esquece dos seus frágeis e inseguros filhos. Em nossa realidade humana familiar, via de regra, pais costumam se preocupar com a visão e a provisão, enquanto mães costumam se ocupar com a manifestação concreta de amor e carinho. Com Deus não é assim. Deus é os dois: Deus é pai, Deus é mãe, Deus é a mãe que existe no pai e o pai que existe na mãe – só que de uma forma muito mais plena e perfeita.

Deus é o amor de pai que nos dá a visão e, junto com a visão, provisão. Deus é o amor de mãe que nos abraça, afaga e consola em seu colo em meio à noite escura da alma. Deus Pai nos mostra pra onde seguir, nos dá coragem, senso de obediência e nos capacita a adentrar e marchar no caminho que Ele mostrou. E se obedecer nos machuca e faz chorar, Deus Pai é a mãe que nunca dorme, chora junto comigo e com você e enxuga cada uma das nossas lágrimas, ainda que sejam muitas.

Se você está pedindo uma resposta ou direção de Deus para uma decisão difícil de sua vida, incentivo fortemente a não desistir. Mas não se esqueça: Deus, muitas vezes, responde através da dor. Mesmo assim, incentivo que você não pare de buscar a vontade de Deus pelo simples medo de sofrer.

Às vezes Deus nos manda acariciar rosas. Você sabe que, ao obedecer, se inebriará com o doce e inesquecível perfume da flor... mas também sabe que, em algum momento, é inevitável que o espinho da rosa venha a te ferir e te fazer sangrar. Quando esse momento chegar, não amaldiçoe a rosa, não apague de sua lembrança seu perfume, nem se arrependa de ter seguido por onde Deus claramente te direcionou. Continue regando e cultivando as flores de amizade que Deus te confiou.

Sempre vale a pena chorar se a lágrima vem de Deus. Mesmo em meio aos olhos embaçados, Deus sempre nos direciona e nos diz o que fazer. É verdade, porém, que saber o que se tem que fazer no presente não é garantia de certeza de como vai ser o futuro, nem de que entenderemos os desígnios de Deus, e muito menos de que vai ser fácil. Quase nunca é. De qualquer forma, o propósito de Deus continua sendo inabalavelmente cumprido. E, dentro do supremo propósito, só os que choram aos pés de Jesus podem dizer: bem-aventurado sou, pois vi as faces paterna e materna de Deus.

De fato, felizes são aqueles que, com os olhos inchados e marejados, conseguem enxergar a face materna do Deus Pai e a face paterna do Deus Mãe. Não existe heresia aqui... apenas a honestidade de alguém que está aprendendo a descansar no amor do Deus da Bíblia.

Por Fernando Khoury
:: O umbigo de Adão ::


Existe uma voz interior, inaudivelmente sutil e silenciosa, que grita gentilmente dentro de nós. Não há quem não consiga ouvir. Não há quem não sinta. Porém, há quem consiga ignorá-la. Há aqueles que passam a vida tentando sufocá-la, na vã esperança de que esse sussurro gracioso venha a morrer por falta de ar e, um dia, simplesmente pare de falar, de advertir, de orientar. Mas não para. Nunca para.

Apresento-lhes a consciência: essa voz gentil, mas eloquente, que vem de dentro e lança o ser humano para fora de si, lhe concedendo a benção da auto-observação; essa voz suave, porém confrontadora, que oferta a todos aqueles que foram feitos à imagem e semelhança de Deus a possibilidade de contemplar seu íntimo e, como num espelho, se tornarem espectadores de si mesmos.

“A consciência é o umbigo da alma” – já dizia o psicanalista austríaco Viktor Frankl. Em outras palavras, se o umbigo físico é um sinal que evidencia que um ser humano teve sua origem num outro ser superior e anterior que o amou, sustentou, alimentou e gerou, o umbigo abstrato – ou seja, a consciência – nos mostra que essa voz foi gravada em nossos corações por outro ser pessoal, anterior e superior a nós, que, com muito mais razão e profundidade, nos amou, sustentou, alimentou e gerou. 

A consciência é esse presente de Deus que mostra nossa origem, mas faz bem mais do que isso: empurra e impulsiona aqueles que não sufocam a divina voz de volta para Aquele que os criou. A consciência é essa voz que nos mostra de onde viemos e nos ensina para onde devemos voltar: nos mostra o caminho de volta pra casa.

Deus fez questão de não esconder essa valiosa informação de suas criaturas. A Bíblia, em sentido completamente antagônico à síndrome relativista pós-moderna, ensina que existe algo no interior do ser humano que ecoa o "sim" e o "não" de Deus (Romanos 2.14-16) – a consciência! O certo e o errado, segundo os padrões de um Deus amoroso, santo e justo, estão gravados no coração do homem e fazem parte do que ele é, não importa a cultura, o tempo ou o lugar que venha a ocupar no cosmos. A consciência é o meio pelo qual Deus se manifesta graciosa e continuamente a todo ser humano, seja ele religioso ou não, seja ele cristão ou não. Todo ser humano possui, em seu íntimo, essa voz, essa consciência de que Deus existe. Nem todos admitem isso, é verdade. A maioria opta por sufocar a divina voz e acaba não enxergando o próprio umbigo da alma, que aponta para a realidade de um Deus Criador.

O simples fato de cada uma das criaturas possuir consciência já aponta para a graça do nosso Consciente Criador, pois mostra um Deus que, deliberadamente, optou por ceder espaço existencial para que outras consciências pudessem, livremente, coexistir e interagir em unidade com a Dele. Infelizmente, talvez por não gostarmos tanto assim de unidade e, menos ainda, de sermos contrariados, utilizamos das nossas consciências para nos rebelar contra a Consciência de Amor que nos gerou. E, assim, utilizamos nossas consciências, fruto do espaço existencial proporcionado pela graça desse Deus amorosamente consciente, para nos voltarmos contra a consciência amorosa do Deus da graça. Por vontade própria, cortamos o cordão umbilical que nos unia a Deus. Sentimos dor. Choramos. Por natural, não há quem rompa com Deus que, no final das contas, não rompa consigo mesmo. Cessar com a luz é flertar com as trevas. Romper com a vida é abraçar a morte. Nós abraçamos.

Mas Deus não desistiu... Deus nunca desiste de nós. Seu amor pelo ser humano é tão inexplicavelmente persistente que "não é de se estranhar que um ser capaz de ceder de seu próprio espaço entre na história, espaço que nos foi concedido, para nos resgatar" (Ariovaldo Ramos). E foi isso que Ele fez. Desceu, despiu-se de sua glória, se fez como um de nós, viveu conscientemente a vida que não conseguimos viver. Na cruz se entregou, sofreu voluntariamente, morreu a nossa morte. O Filho ressuscitou, venceu a morte, nos ofereceu a única vida capaz de libertar nossas consciências da escravidão e rebeldia para, enfim, levá-las de volta para o lugar de onde nunca deveria ter saído: o amor consciente do Pai.

Um Deus Pai, que pelo cordão umbilical da consciência humana, mostra sua face materna e nossa origem de amor. Um Deus Filho, que pelo cordão umbilical da cruz, nos resgatou e uniu novamente ao útero do Deus Pai. Um Deus Espírito, que pelo cordão umbilical do conselho, liberta nossas consciências e nos convence da justiça, do pecado e do juízo (João 16.8).

Não negligencie sua consciência; ela é o umbigo que conta a história da sua vida: de onde você veio, porque está aqui e para onde você pode ir. E para aqueles que ainda se perguntam se Adão, o primeiro ser humano criado por Deus, tinha umbigo, a resposta nunca esteve tão clara: a consciência era o umbigo de Adão!

Por Fernando Khoury



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