:: Acariciando rosas no jardim materno do Deus Pai ::

“Registra, tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em teu odre; acaso não estão anotadas em teu livro?”
Salmos 56:8


“Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão.”
Salmos 126:5

"Será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de você!”
Isaías 49:15

“De fato, acalmei e tranqüilizei a minha alma. Sou como uma criança recém-amamentada por sua mãe; a minha alma é como essa criança. Ponha a sua esperança no Senhor, ó Israel, desde agora e para sempre!”
Salmos 131:2-3
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Hoje eu acordei com uma sensação de perda que há muitos anos não sentia. Coração apertado, disparado, emoção à flor da pele. Perder o que se ama é sempre doloroso. É afiar uma navalha na alma. Mas entregar voluntariamente algo que se ama dói ainda mais. Já tinha me esquecido como é ter um milhão de pensamentos simultâneos rondando minha mente, despertar de madrugada no meio de um sonho ruim, perder o sono ainda cansado, orar, ser acalentado nos braços de Deus e, enfim, voltar a dormir tranquilo, como uma criança indefesa que é amorosamente embalada no colo e no calor de sua mãe.

Mães nunca dormem. Estão sempre atentas ao mínimo sinal de fragilidade do seu bebê, seja ele ainda uma criança ou já adulto... Porque uma verdadeira mãe, não importa a fase de vida em que esteja, sempre vê e sempre verá seu filho como um simples bebê, que carece de todo cuidado e atenção.

Estamos acostumados – e de fato assim o é, como Jesus nos ensinou – a chamar Deus de Pai. Mas esse fato não nos deveria fazer esquecer de que o "Pai nosso que está nos céus" é também o nosso Abba, paizinho amado, que cuida de nós como uma mãe que jamais esquece dos seus frágeis e inseguros filhos. Em nossa realidade humana familiar, via de regra, pais costumam se preocupar com a visão e a provisão, enquanto mães costumam se ocupar com a manifestação concreta de amor e carinho. Com Deus não é assim. Deus é os dois: Deus é pai, Deus é mãe, Deus é a mãe que existe no pai e o pai que existe na mãe – só que de uma forma muito mais plena e perfeita.

Deus é o amor de pai que nos dá a visão e, junto com a visão, provisão. Deus é o amor de mãe que nos abraça, afaga e consola em seu colo em meio à noite escura da alma. Deus Pai nos mostra pra onde seguir, nos dá coragem, senso de obediência e nos capacita a adentrar e marchar no caminho que Ele mostrou. E se obedecer nos machuca e faz chorar, Deus Pai é a mãe que nunca dorme, chora junto comigo e com você e enxuga cada uma das nossas lágrimas, ainda que sejam muitas.

Se você está pedindo uma resposta ou direção de Deus para uma decisão difícil de sua vida, incentivo fortemente a não desistir. Mas não se esqueça: Deus, muitas vezes, responde através da dor. Mesmo assim, incentivo que você não pare de buscar a vontade de Deus pelo simples medo de sofrer.

Às vezes Deus nos manda acariciar rosas. Você sabe que, ao obedecer, se inebriará com o doce e inesquecível perfume da flor... mas também sabe que, em algum momento, é inevitável que o espinho da rosa venha a te ferir e te fazer sangrar. Quando esse momento chegar, não amaldiçoe a rosa, não apague de sua lembrança seu perfume, nem se arrependa de ter seguido por onde Deus claramente te direcionou. Continue regando e cultivando as flores de amizade que Deus te confiou.

Sempre vale a pena chorar se a lágrima vem de Deus. Mesmo em meio aos olhos embaçados, Deus sempre nos direciona e nos diz o que fazer. É verdade, porém, que saber o que se tem que fazer no presente não é garantia de certeza de como vai ser o futuro, nem de que entenderemos os desígnios de Deus, e muito menos de que vai ser fácil. Quase nunca é. De qualquer forma, o propósito de Deus continua sendo inabalavelmente cumprido. E, dentro do supremo propósito, só os que choram aos pés de Jesus podem dizer: bem-aventurado sou, pois vi as faces paterna e materna de Deus.

De fato, felizes são aqueles que, com os olhos inchados e marejados, conseguem enxergar a face materna do Deus Pai e a face paterna do Deus Mãe. Não existe heresia aqui... apenas a honestidade de alguém que está aprendendo a descansar no amor do Deus da Bíblia.

Por Fernando Khoury
:: O umbigo de Adão ::


Existe uma voz interior, inaudivelmente sutil e silenciosa, que grita gentilmente dentro de nós. Não há quem não consiga ouvir. Não há quem não sinta. Porém, há quem consiga ignorá-la. Há aqueles que passam a vida tentando sufocá-la, na vã esperança de que esse sussurro gracioso venha a morrer por falta de ar e, um dia, simplesmente pare de falar, de advertir, de orientar. Mas não para. Nunca para.

Apresento-lhes a consciência: essa voz gentil, mas eloquente, que vem de dentro e lança o ser humano para fora de si, lhe concedendo a benção da auto-observação; essa voz suave, porém confrontadora, que oferta a todos aqueles que foram feitos à imagem e semelhança de Deus a possibilidade de contemplar seu íntimo e, como num espelho, se tornarem espectadores de si mesmos.

“A consciência é o umbigo da alma” – já dizia o psicanalista austríaco Viktor Frankl. Em outras palavras, se o umbigo físico é um sinal que evidencia que um ser humano teve sua origem num outro ser superior e anterior que o amou, sustentou, alimentou e gerou, o umbigo abstrato – ou seja, a consciência – nos mostra que essa voz foi gravada em nossos corações por outro ser pessoal, anterior e superior a nós, que, com muito mais razão e profundidade, nos amou, sustentou, alimentou e gerou. 

A consciência é esse presente de Deus que mostra nossa origem, mas faz bem mais do que isso: empurra e impulsiona aqueles que não sufocam a divina voz de volta para Aquele que os criou. A consciência é essa voz que nos mostra de onde viemos e nos ensina para onde devemos voltar: nos mostra o caminho de volta pra casa.

Deus fez questão de não esconder essa valiosa informação de suas criaturas. A Bíblia, em sentido completamente antagônico à síndrome relativista pós-moderna, ensina que existe algo no interior do ser humano que ecoa o "sim" e o "não" de Deus (Romanos 2.14-16) – a consciência! O certo e o errado, segundo os padrões de um Deus amoroso, santo e justo, estão gravados no coração do homem e fazem parte do que ele é, não importa a cultura, o tempo ou o lugar que venha a ocupar no cosmos. A consciência é o meio pelo qual Deus se manifesta graciosa e continuamente a todo ser humano, seja ele religioso ou não, seja ele cristão ou não. Todo ser humano possui, em seu íntimo, essa voz, essa consciência de que Deus existe. Nem todos admitem isso, é verdade. A maioria opta por sufocar a divina voz e acaba não enxergando o próprio umbigo da alma, que aponta para a realidade de um Deus Criador.

O simples fato de cada uma das criaturas possuir consciência já aponta para a graça do nosso Consciente Criador, pois mostra um Deus que, deliberadamente, optou por ceder espaço existencial para que outras consciências pudessem, livremente, coexistir e interagir em unidade com a Dele. Infelizmente, talvez por não gostarmos tanto assim de unidade e, menos ainda, de sermos contrariados, utilizamos das nossas consciências para nos rebelar contra a Consciência de Amor que nos gerou. E, assim, utilizamos nossas consciências, fruto do espaço existencial proporcionado pela graça desse Deus amorosamente consciente, para nos voltarmos contra a consciência amorosa do Deus da graça. Por vontade própria, cortamos o cordão umbilical que nos unia a Deus. Sentimos dor. Choramos. Por natural, não há quem rompa com Deus que, no final das contas, não rompa consigo mesmo. Cessar com a luz é flertar com as trevas. Romper com a vida é abraçar a morte. Nós abraçamos.

Mas Deus não desistiu... Deus nunca desiste de nós. Seu amor pelo ser humano é tão inexplicavelmente persistente que "não é de se estranhar que um ser capaz de ceder de seu próprio espaço entre na história, espaço que nos foi concedido, para nos resgatar" (Ariovaldo Ramos). E foi isso que Ele fez. Desceu, despiu-se de sua glória, se fez como um de nós, viveu conscientemente a vida que não conseguimos viver. Na cruz se entregou, sofreu voluntariamente, morreu a nossa morte. O Filho ressuscitou, venceu a morte, nos ofereceu a única vida capaz de libertar nossas consciências da escravidão e rebeldia para, enfim, levá-las de volta para o lugar de onde nunca deveria ter saído: o amor consciente do Pai.

Um Deus Pai, que pelo cordão umbilical da consciência humana, mostra sua face materna e nossa origem de amor. Um Deus Filho, que pelo cordão umbilical da cruz, nos resgatou e uniu novamente ao útero do Deus Pai. Um Deus Espírito, que pelo cordão umbilical do conselho, liberta nossas consciências e nos convence da justiça, do pecado e do juízo (João 16.8).

Não negligencie sua consciência; ela é o umbigo que conta a história da sua vida: de onde você veio, porque está aqui e para onde você pode ir. E para aqueles que ainda se perguntam se Adão, o primeiro ser humano criado por Deus, tinha umbigo, a resposta nunca esteve tão clara: a consciência era o umbigo de Adão!

Por Fernando Khoury



:: A parábola da ovelha rica perdida :: (uma outra releitura livre de Lc 15.1-6)



“Todos os marginalizados da sociedade estavam se reunindo para ouvir Jesus.
Mas os líderes religiosos, que se achavam santos, únicos portadores da Palavra e inerrantes no cumprimento religioso dos rituais espirituais, o criticavam, dizendo: “Este homem recebe pecadores e até come com eles!”.

Então Jesus lhes contou esta parábola:

"Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la?

- Depende, amado mestre!, gritou um dos líderes, interrompendo Jesus no meio de sua fala. 
-Depende, claro, do dízimo da ovelha perdida.

- Se a ovelha que se perdeu costuma contribuir com um dízimo alto, prontamente largarei as noventa e nove e irei atrás dela. Afinal, a igreja-instituição possui contas a pagar.

- Mas se a ovelha perdida é aquela viúva pobre que, ainda que tenha dado tudo que tinha, deu apenas duas pequenas moedas de pouquíssimo valor, não largo as outras noventa e nove não. Afinal de contas, tudo que ela tinha pra oferecer ainda era muito pouco. As outras noventa e nove são muito mais importantes para a igreja-instituição honrar seus compromissos e pagar suas contas - o que inclui, claro, receber o meu salário em dia.

- E, certamente, quando eu encontrar a ovelha rica que se perdeu, irei carregá-la alegremente em meus ombros e trarei ela de volta pra igreja. Ao chegar, reunirei meus amigos e vizinhos e direi: 'Alegrem-se comigo, pois uma das minhas ovelhas dizimistas ricas estava perdida e foi achada. Festejemos, pois meu salário não atrasou e, agora, poderemos dar início à nossa quinta campanha da troca do ar-condicionado!"

Jesus, como se não acreditasse, abandonou os líderes religiosos à sua própria miséria de alma, e disse-lhes:

"Eu digo que haverá mais alegria no céu por um pastor que ame sua ovelha simplesmente por aquilo que ela é, e não por aquilo que ela tem, do que por um pastor que apenas vê suas ovelhas como ativos e passivos numa simplória relação financeira de custo-benefício. Pois quem perde tempo fazendo conta não tem tempo para amar.”


Por Fernando Khoury
:: A parábola do pastor perdido :: (releitura livre de Lucas 15.1-6)

“Todos os marginalizados da sociedade estavam se reunindo para ouvir Jesus.

Mas os líderes religiosos, que se achavam santos, únicos portadores da Palavra e inerrantes no cumprimento religioso de seus rituais espirituais, o criticavam, dizendo: 'Este homem recebe pecadores e até come com eles!'.

Então Jesus lhes contou essa parábola:

'Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo-se no caminho, assume o seu erro e se permite ser corrigido por uma de suas ovelhas, e vai atrás de si mesmo, até se encontrar novamente, ainda que as outras noventa e nove o apoiem?

E quando se encontra, coloca-a alegremente nos ombros, dá-lhe um abraço e volta para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e diz: 'Alegrem-se comigo, pois uma das minhas ovelhas estava lúcida e me ajudou a me reencontrar em minha perdição’.

Eu digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por uma ovelha lúcida que leva o seu pastor a se arrepender do que por noventa e nove ovelhas cegas que se omitem e acompanham o seu pastor em sua perdição."


Na apócrifa e hipotética parábola acima, a ovelha teve coragem de se posicionar, não saiu frustrada e decepcionada com a igreja e tampouco lhe passou pela cabeça virar uma 'desigrejada'. O pastor, por outro lado, não ficou preso em seu orgulho ferido e sequer amaldiçoou a ovelha 'rebelde', mas, pelo contrário, soube ouvir a crítica e reconhecer seu erro...

Infelizmente, ovelhas e pastores desse tipo não costumam ser facilmente encontrados no mundo real.

Por Fernando Khoury
:: A excelência dos medíocres e a mediocridade dos excelentes ::

"Há gente que, em vez de destruir, constrói; em lugar de invejar, presenteia; em vez de envenenar, embeleza; em lugar de dilacerar, reúne e agrega." Lya Luft

Algumas pessoas têm o dom de destruir aquilo que, no íntimo, querem valorizar. Outras se esforçam para supervalorizar aquilo que, no íntimo, sabem que deve ser destruído. Não é raro essas duas características coexistirem harmonicamente na mesma pessoa. Até mesmo porque destruir o que deve ser valorizado é uma inteligente e maquiavélica forma de supervalorizar o que deveria ser destruído. Contudo, hoje vou me propor a falar apenas do primeiro tipo.

Pessoas assim são como aquela mãe que come silenciosamente o delicioso bolo surpresa que a filha preparou, mas só faz criticar a bagunça que foi deixada na cozinha. E, por causa da bagunça, destrói a bela iniciativa da filha – que, no fundo, obteve admiração velada da mãe, mas só recebeu de concreto a sua raiva. Bagunça esta, vale a pena dizer, que, na maioria das vezes, só existe mesmo na cabeça da própria mãe. Afinal, não é nada fácil se deparar com uma pessoa que até anteontem estava debaixo das suas asas, totalmente dependente do seu auxílio e orientação, e, agora, começa a alçar voos próprios. Esses voos solos têm o poder de  bagunçar as gaiolas por dentro: faz as “pessoas-gaiolas” se sentirem ameaçadas, acuadas, destituídas de função e utilidade. Faz essas pessoas sentirem que perderam o controle sobre a outra.

Esse dom de destruir o que deve ser valorizado é a marca de uma mente ameaçada, de um coração inseguro de perder o controle sobre algo que de fato já está voando livremente, sem gaiolas, de forma leve e solta pelos ares.

Esses, os que realizam voos solos, são criadores por natureza. Carregam a marca da excelência. E, para criar, muitas vezes precisam, antes, destruir: desfazer barreiras, desconstruir preconceitos, demolir muros de separação, pôr abaixo a inércia, dar a cara à tapa. Traçar rumos antes jamais traçados e pisar em terras antes jamais pisadas. Arregaçar as mãos. Fazer o novo ou, no mínimo, queimar alguns neurônios para colocar a criatividade a serviço da renovação das antigas e boas ideias que, de tempos em tempos, precisam ser renovadas para serem compreendidas. São poucas as pessoas que se dispõem a esse árduo e desafiador trabalho, por sempre envolver uma elevada dose de sacrifício e renúncia pessoais.

Agora, para construir em cima de edificação alheia, sempre aparece alguém sorrindo de orelha a orelha com os dentes brilhando, disposto a destruir tudo que já foi construído, selado e sedimentado após o árduo trabalho dos criadores. Esses, as “pessoas-gaiolas” que se sentem ameaçadas, são os medíocres por natureza – como aquela mãe, bagunçada internamente pelo delicioso bolo preparado pela filha. Não é à toa que, em regra, a inveja é o alto preço que a excelência cobra da mediocridade.

O médico e professor de psiquiatria Luís de Rivera define mediocridade como a incapacidade para apreciar e valorizar a excelência. Segundo ele, na sociedade em que vivemos, existe uma tensão latente entre excelência e mediocridade: enquanto aquela contribui de forma definitiva para o progresso e para mudança, esta é necessária para se manter inquebrável o status quo e a estabilidade social.

Das três espécies de mediocridade que o professor elenca, duas são simplesmente incapazes de reconhecer o progresso, e uma – a pior e mais maligna delas – busca destruir o progresso criativo, não importando os meios utilizados para se chegar a esse fim. É a denominada mediocridade inoperante ativa, presente naquelas pessoas que não são criativas nem produtivas, mas destrutivas, simplesmente por possuírem um enorme desejo de serem notadas e mantidas em seu status quo.

Afora todos esses dilemas inerentes à sociedade doente na qual vivemos, gosto particularmente da forma como Deus lida com “excelentes criadores” e com “medíocres destruidores”. Deus ama tanto os que querem criar quanto os que querem destruir. Parafraseando Lutero, Jesus não amou criadores e destruidores porque são dignos de serem amados; mas, porque decidiu amá-los, criou neles o que vale a pena ser amado. E mais do que amar: Deus usa os dois para sua obra aqui na Terra – apesar dos dois. Até porque os “excelentes criadores”, após terem sua criação perfeita e acabada, podem perfeitamente, depois de um tempo, se transformar em “medíocres destruidores” apenas para manter inquebráveis o status quo conquistado e a estabilidade pessoal adquirida. Jesus não. Jesus foi diferente.


O Excelente Criador nunca destrói aquilo que quer valorizar. Pelo contrário, Cristo só destrói aquilo que quer nos destruir e nos separar do seu amor. Jesus anulou a consequência do orgulho que nos fez cair. Quer sejamos criadores, destruidores, ou os dois, através da excelência da cruz Jesus destruiu o poder da morte e nos trouxe de volta pra si. Não existem mais terrenos próprios ou alheios: tudo é de Cristo, por Cristo e pra Cristo (Rm 11.36). Quem constrói o faz em terreno de Cristo. Quem destrói o faz em terreno de Cristo. Chega de vaidade! Chega de excelência na mediocridade! Chega de mediocridade na excelência! Valorize o que deve ser valorizado, para honra e glória do único Criador de todas as coisas. 


Por Fernando Khoury
:: Uma perspectiva cristã do sofrimento ::


Viver é um risco. Pelo simples fato de existirmos, estamos todos expostos e vulneráveis aos mais variados tipos de dor e decepção. Fatalidades absurdas, que fogem ao nosso controle, podem nos atingir e mudar o rumo das nossas vidas a qualquer momento. Podemos sofrer sem merecer. Podemos semear amor e alegria e, mesmo assim, colher lágrimas e tristeza. Num contexto desses, será que vale a pena mesmo viver? O que a Bíblia tem a dizer para nós sobre o sofrimento humano?

Primeiro, a Bíblia nos diz que as coisas não foram sempre assim. No princípio de tudo, Deus decidiu criar um mundo originalmente bom, sem dor, sem sofrimento, sem lágrimas. Deus criou os céus e a terra e, em amor, criou o ser humano à sua imagem e semelhança. Fez o homem e a mulher livres em suas decisões e firmou com eles uma aliança para que pudessem desfrutar não apenas de uma criação perfeita, mas também para que houvesse, desde o início, um relacionamento de amor igualmente perfeito e direto do Pai com seus filhos.

Mas os filhos afetaram a qualidade do seu relacionamento com Deus. Decidindo desconfiar das palavras do seu próprio Pai e Criador, preferiram dar crédito à voz de outra criatura já rebelada contra Deus, e juntaram-se a ela em sua rebeldia. Os filhos rebeldes decidiram sair de casa: se extraviaram de Deus. E como fora de Deus não pode existir vida, o grito de independência dos filhos foi auto-condenatório: o ser humano bradou ao Pai “independência ou morte” – e morreu! Porque nada no universo é tão autossuficiente a ponto de conseguir subsistir sem Deus e fora daquele que é a própria vida em Si. Nem mesmo o ser humano. Nem mesmo a perfeição do mundo. 

Assim, com a queda do homem, a natureza também caiu. A dor entrou no mundo e, desde então, a natureza criada geme como se estivesse em dores de parto (Rm 8.22). O próprio parto, aliás, carrega em si a antítese de tornar a experiência da dor uma porta de entrada para que a beleza da vida possa desabrochar. O parto, como magnífico ritual estabelecido por Deus para celebrar a vida, já é, em si, um prenúncio do ambiente paradoxal que nos aguarda nesse mundo: sentimentos tão divinos como alegria, amor, prazer e vida convivendo com sentimentos tão humanos como tristeza, ódio, sofrimento e morte. 

Mas Deus não nos abandonou em nossa rebeldia e maldade. Mesmo rebeldes e vazios, Deus resolveu nos manter nEle e, mais do que isso, nos comunicou parte de sua bondade; do contrário, já teríamos destruído uns aos outros e o próprio mundo em que vivemos. Deus também não nos abandonou em nossa morte; desde o fatídico dia em que nos desviamos de Deus, o próprio Deus tem tratado de promover vida em meio à morte e ordem em meio ao caos. Se nós continuamos existindo é só porque Deus, desde o princípio, continuou nos amando e nos mantendo nEle.

A boa notícia é que esse contexto de dor em que vivemos é temporário! E é isso o que a Bíblia tem a dizer para nós: o ambiente de sofrimento que eu e você experimentamos hoje, apesar de ser fruto do nosso afastamento voluntário de Deus, um dia vai acabar! Um dia Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima. Nesse dia, não haverá mais dor, nem morte, nem tristeza, nem choro, nem dor (Apocalipse 21.4). Porque Jesus, Deus encarnado, veio selar a decisão amorosa de Deus de salvar a humanidade, imputando sobre Si mesmo as consequências da nossa decisão deliberada de viver eternamente sem Ele.

É por isso que, mesmo num ambiente paradoxal, suscetível a fatalidades absurdas e inexplicáveis, a vida continua valendo a pena ser vivida: pois o próprio Deus, em Jesus, mostra que não desistiu de nós. Como Pai de amor, Deus doou o seu Filho não apenas para compartilhar e sentir um sofrimento que deveria caber somente a nós, mas para dar solução definitiva ao ápice de toda e qualquer dor: a morte. Jesus ressuscitou! E, como Deus de amor que é, deixou, mais uma vez, palavras de vida para nós:

“Assim acontece com vocês: agora é hora de tristeza para vocês, mas eu os verei outra vez, e vocês se alegrarão, e ninguém lhes tirará essa alegria.Naquele dia vocês não me perguntarão mais nada.” (João 16.23)

“Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo." (João 16.33)

"Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente.” (João 11.25)

Hoje você tem uma nova chance. Dessa vez, faça diferente. Dê crédito à voz de Deus. Não duvide. Creia em Jesus como Senhor e Salvador da sua vida. E da próxima vez que algo ou alguém te fizer chorar, lembre-se: um dia, lágrima nenhuma vai mais brotar dos meus olhos, porque Deus veio inaugurar na cruz do Calvário o início de um novo tempo... um novo céu e uma nova terra!



Por Fernando Khoury
:: Do útero de uma mulher :: (Dia Internacional da Mulher)

Foi do útero de uma mulher...
Que aquele que sempre existiu veio à nossa existência.

Foi do útero de uma mulher...
Que aquele que é a própria vida se fez vida entre nós.

Foi do útero de uma mulher...
Que aquele que nasceu para morrer venceu a morte em nosso lugar.

Foi do útero de uma mulher...
Que nasceu a esperança para toda a humanidade:
a esperança do amor, a esperança da paz, a esperança da vida eterna.

Foi da dor do parto de uma mulher...
Que nasceu a promessa de que, um dia, não haverá mais dor,
nem tristeza, nem lágrimas.
Porque é do útero de uma mulher que todas as coisas se fazem novas.

Parabéns mulher,
pois Deus entregou o papel mais bonito
- o dom da vida -
a você!

Por Fernando Khoury

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No sexto mês Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, cidade da Galiléia, a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José, descendente de Davi. O nome da virgem era Maria.

O anjo, aproximando-se dela, disse: "Alegre-se, agraciada! O Senhor está com você!" Maria ficou perturbada com essas palavras, pensando no que poderia significar esta saudação. Mas o anjo lhe disse: "Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus!

Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim".

Perguntou Maria ao anjo: "Como acontecerá isso, se sou virgem?"

O anjo respondeu: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado Santo, Filho de Deus. Também Isabel, sua parenta, terá um filho na velhice; aquela que diziam ser estéril já está em seu sexto mês de gestação. Pois nada é impossível para Deus".

Respondeu Maria: "Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra". Então o anjo a deixou.

(Lucas 1.26)
:: O falso eu ::


“Os olhos do Senhor passeiam por toda a terra para se mostrar forte para com aqueles cujo coração é inteiramente seu.”
 (2 Crônicas 16.9)

Poucas pessoas te amam pelo que você realmente é. A maioria te ama pelo que acha que você é. Pelo que você representa. Pelo título que ostenta. Pela pessoa que aparenta e se mostra ser. Mas nenhum desses é você. Nenhum desses sou eu. O que na verdade somos o somos em nosso silêncio, quando ninguém mais está nos vendo - exceto Deus.

Grande parte das pessoas, se soubesse quem de fato somos e das fraquezas internas que somos incapazes de enfrentar, fatalmente nos odiaria. Mas para não correr o risco de sermos odiados, nos escondemos e nos encolhemos em algum lugar dentro de nós mesmos. Só mostramos o que nos convém mostrar. Uma maquiagem coletiva que assegura o meu e o seu ingresso de aceitação em lugares onde certamente não seríamos aceitos se não tratássemos de esconder muito bem nossas mazelas e imperfeições.

Desenvolvemos a arte de ser e de viver no coletivo a partir de um "eu" que não tem nada a ver comigo, de modo que ninguém veja o que de fato sou quando estou sozinho. Ninguém pode ver a minha solidão, minhas lágrimas, minhas decepções, minhas fraquezas. “Viver a partir do falso eu gera um desejo compulsivo de apresentar uma imagem perfeita para o público, de forma que todos nos admirem e ninguém nos conheça” (Brennan Manning – “O impostor que vive em mim”).

Ficamos preocupados com a nossa honra, com  o que vão pensar a nosso respeito. Nutrimos o medo de perder amigos, cargos, posições, relacionamentos... Perder tudo aquilo que conquistamos depois de tantos anos de suor e alguns quilos de maquiagem...e assim, inculcados pelo medo de perder, acabamos perdendo algo muito mais valioso que todo o resto: a beleza e a leveza de se viver uma vida em verdade.

E quem perde a virtude de viver uma vida em verdade já perdeu tudo. Pode se manter casado, mas já perdeu o elo que sustenta toda e qualquer aliança. Pode continuar religiosamente presente na igreja, mas já não sente mais o conforto de ter a presença de Deus diariamente em seu coração. Pode permanecer apascentando ovelhas em pastos verdejantes, mas já não tem mais as mãos limpas e fortes para manejar o cajado. Pode se autointitular cristão, mas já se esqueceu da essência do evangelho de Cristo.

Sutilmente, vamos nos acostumando a buscar a Deus na multidão, com nosso "eu" maquiado e nunca tratado. Porque não pode ser tratado o que não é confessado e compartilhado. Não há cura possível para feridas que não são expostas à brisa, ao ardor e ao calor de Deus. Não há cicatrização viável. Permanecem para sempre como feridas abertas encobertas por um velho e desgastado band-aid.  

Nossas fraquezas nos escandalizam, intimidam e silenciam. Mostram nossa real identidade. Mas quem tem problemas com a nossa própria natureza somos nós mesmos. Deus não. Deus nunca teve. O amor de Deus não é cego. Ele vê, sabe e conhece muito bem os filhos que somos e, mesmo assim, escolhe nos amar. Ele é uma das poucas pessoas – se não a única – que te ama do jeito que você é. Mesmo cheio de defeitos. E por te amar tanto, se nega a te deixar do jeito que está. Como disse Lutero, “o amor de Deus não se destina àquele que é digno de ser amado, mas, antes de tudo, cria aquele que vale a pena ser amado”.

Todo relacionamento de amor se torna mais forte quando as partes conhecem as fraquezas um do outro, respeitam-se, respeitam-nas e ajudam-se a vencê-las. 

Deus quer tratar as suas feridas. Jesus quer falar com você. E por querer se relacionar com o que você é – e não com o que você aparenta ser – Ele não aceita nada menos do que a sua individualidade. Entra no seu quarto, fecha a porta, em secreto. É na intimidade com Deus e no silêncio do quarto que despimos nossa alma perante Aquele que tudo vê. Quem busca e acha Deus somente nos ajuntamentos corre o sério risco de se acostumar a não buscá-lo e achá-lo na individualidade. Chega de buscar a Deus apenas na coletividade. Porque ali Deus continua sendo Deus, mas você não é inteiramente você.


Por Fernando Khoury
:: Teto ::


"Orai sem cessar."
I Tessalonicenses 5.17

"Perseverem na oração, estejam em alerta e sejam agradecidos."
Colossensses 4.2

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu único Filho para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna."
João 3.16


Às vezes sinto como se minhas orações não passassem do teto. Teto mesmo, concreto. Como se um sentimento, um pensamento ou qualquer outro elemento imaterial pudesse ser interrompido em seu curso pelo que é material. Ou como se a oração tivesse mesmo que seguir um curso até chegar ao destinatário final – Deus.

A impressão que dá é que a oração sai do coração e, independente de ser verbalizada ou não, bate no teto e volta. Ou às vezes nem chega até o teto. Por algum motivo, não seguiu seu curso até o céu... e, consequentemente, não chegou até Deus. Afinal de contas, Deus está no céu! E se a minha oração não chegou até o céu, também não chegou até Deus.  Deus não ouviu. Ou, então, se ouviu, não mostrou que ouviu. Como se eu estivesse a falar sozinho por alguns minutos com alguém ao telefone e, do lado de cá da linha, não tivesse ouvido um som sequer do lado de lá, nenhuma confirmação de que minha voz estivesse sendo de fato ouvida ou percebida.

Alguma vez você já se sentiu assim?

Se sua resposta for positiva, gostaria de me juntar a você. Gostaria de me identificar com você que, assim como eu, já se sentiu ou tem se sentido como se estivesse jogando palavras ao léu, mas, apesar das circunstâncias, não desistiu de orar do lado de cá da “linha”. Independente de sentir ou não a receptividade de Deus, você continua, pois sabe no íntimo que não consegue viver sem conversar com seu Pai.

Uma das potencialidades mais admiráveis que nos foi concedida na criação foi a possibilidade de,  enquanto criaturas, não apenas nos comunicarmos diretamente uns com os outros, mas também com o Criador de nossas vidas. Seres limitados, efêmeros, mutáveis e temporais dotados da possibilidade de conversar inteligivelmente com o único Absoluto, Eterno, Imutável e Atemporal. Os filhos podem conversar com o Pai. Os filhos podem conversar com o Filho. Os filhos podem conversar com o Espírito Santo. Os filhos devem conversar com Deus.

Um Deus trino que, mesmo sendo todo-poderoso, glorioso, autossuficiente e pleno em si mesmo, abre seus ouvidos e estende seus braços de amor a criaturas tão frágeis, pequenas, carentes e incompletas como nós. Um Deus pessoal e carinhoso que nos acolhe em nossa fraqueza e insignificância. Um Deus atento às nossas dores físicas e psíquicas. Um Deus sensível às lágrimas do corpo e ao vazio da alma.

Mas do que adianta tamanha potencialidade se minhas orações não têm passado do teto?!

Talvez eu sinta que minha oração não esteja passando do teto por pecados que esteja cometendo. Talvez eu não esteja sentindo a receptividade de Deus pela dureza do meu próprio coração. Talvez o meu “teto” seja o pecado que eu deixei de confessar, o perdão que eu deixei de liberar, o amor que desisti de doar, o próximo de quem desviei meu olhar. Se for uma dessas causas, devo me deixar tratar e transformar por esse Deus que me ama, a fim de restabelecer a comunicação que foi obstruída por minha própria causa.

Mas talvez o meu “teto” não seja nada disso. Talvez simplesmente não seja a hora de sentir. Talvez simplesmente Deus queira que eu aprenda a não deixar minhas crenças serem guiadas de acordo com as sensações ou sentimentos que vivencio. Porque as sensações oscilam e podem me trair.

Vivemos uma ditadura dos sentidos. Valoriza-se mais o sentir do que o aprender. Busca-se mais ter experiências sensoriais e emotivas com Deus do que de fato conhecê-lo, estudar sua Palavra e deixar-se ser guiado e transformado por ela. Assim vive grande parte dos seguidores de Cristo hoje em dia: conformam o Cristo que seguem àquilo que sentem, e não aquilo que sentem ao Cristo que seguem. Os seguidores de Cristo estão seguindo suas emoções. As ovelhas trocaram seu Bom Pastor pelas suas prazerosas sensações.


Nós, do lado de cá da “linha”, não devemos guiar nossa crença em Jesus pelas sensações. Se você está sentindo que sua oração não tem chegado até o céu, lembre-se: as orações que fazemos nunca precisaram chegar até o céu, porque o Deus que eu e você servimos desceu do céu para vir até nós. Deus não está no céu; o céu está em Deus. E Deus está ao seu lado. O Espírito Santo habita em você. Ele venceu a distância e barreira do pecado para nos alcançar. O “teto” que separava já não separa mais. Continue orando. Não desista de conversar com o Pai, quer você sinta, quer não.  Pois nunca se tratou do que você sente, mas sim do profundo amor que Cristo sempre sentiu e demonstrou por você. 


Por Fernando Khoury
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